sexta-feira, 24 de junho de 2011
Até agora eu não me conhecia, 
julgava que era Eu e eu não era 
Aquela que em meus versos descrevera 
Tão clara como a fonte e como o dia. 

Mas que eu não era Eu não o sabia 
mesmo que o soubesse, o não dissera... 
Olhos fitos em rútila quimera 
Andava atrás de mim... e não me via! 

Andava a procurar-me - pobre louca!- 
E achei o meu olhar no teu olhar, 
E a minha boca sobre a tua boca! 

E esta ânsia de viver, que nada acalma, 
E a chama da tua alma a esbrasear 
As apagadas cinzas da minha alma! 

Florbela Espanca

Um comentário:

  1. Bonito texto, gosto muito de textos assim, nossa personificação do eu. *.*

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